domingo, 20 de junho de 2010

Novos objetivos

Olá Pessoal,

Já se passaram 3 semanas desde que conclui o Ironman Brasil. Na última semana voltei a treinar e já me inscrevi em uma corrida que vai acontecer no Chile no dia 16 de outubro. Se trata de uma corrida de montanha (Trail Run) com 80km a ser percorrido ao longo da Cordilheira dos Andes.

Quanto ao triathlon vou dar um tempo para não dizer que não vou mais praticar. Nos últimos tempos minha vida ficou muito corrida e não tenho mais tanto tempo para nadar, pedalar e correr além do que minha verdadeira paixão é por corrida e quero me dedicar mais a esse esporte e disputar provas longas.

Em breve vou começar a publicar notícias da prova e sobre os treinamentos para provas longas de corrida.

Um forte abraço a todos e bons treinos!!!

Léo Freitas

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ironman Brasil - A Prova

Olá Pessoal,

Segue abaixo o texto sobre o Ironman Brasil 2010.

Acordei as 04h00min da manhã e a primeira coisa que fiz foi olhar pela sacada do quarto e ver como estava o mar. Aparentemente estava menos agitado que na noite anterior. Fazia frio e ventava um pouco. Tomei meu café da manhã completo, peguei as minhas coisas e me dirigi para o local do evento. Cheguei ao local da prova as 05h00min da manhã fiz a pintura no corpo do número de inscrição e me dirigi até a área de transição para fazer os últimos acertos na bike. Com muita calma preparei tudo e fui então para a tenda de troca colocar o macaquinho e a roupa de borracha. À medida que o tempo passava o pessoal ia chegando e a agitação aumentava. Em seguida me dirigi ao local da largada e aproveitei para entrar no mar rapidamente para ver como estava a água e fazer um breve aquecimento. O sol começava a dar sinais, porém não tinha nascido ainda.

As 07h00min foi dada a largada e todos correram para o mar. Sem muita pressa fui caminhando e comecei a nadar de forma tranqüila e controlada. Como havia muitas pessoas era impossível ultrapassar e a preocupação maior neste momento era de não apanhar muito. Alguns encontrões são inevitáveis neste momento, porém o mais importante é manter a calma e seguir em frente. O momento de maior tensão aconteceu na primeira bóia onde muitas pessoas se juntaram e foi preciso um pouco de cautela. À medida que a prova avançava o pessoal ia se dispersando e ficava mais fácil o nado. Sai da água dentro do tempo previsto e corri em direção à tenda de troca. Estava me sentindo muito bem. Peguei a sacola onde estava todo o material do ciclismo e fui para a área de transição pegar a bike e iniciar o ciclismo.

Comecei o pedal bem e mantendo um ritmo forte. Procurei ficar atento a hidratação e alimentação desde o início, pois sabia que isso seria fundamental para uma boa prova. Ao final da primeira subida, no km 20, quando fui mudar de marcha para começar a descida ouvi um barulho estranho. A corrente se soltou e trouxe junto com ela o cambio traseiro que acabou se prendendo a roda traseira. Tentei frear o mais rápido possível e em fração de segundos vi tudo ir por água abaixo. Mesmo tentando frear a queda foi inevitável e ao me levantar percebi que o câmbio traseiro tinha quebrado. Fim de prova para mim. Calmamente encostei a bike no acostamento e em um momento de desespero e desilusão comecei a refletir o quanto tinha me esforçado para chegar até ali. Dias e mais dias de treino para terminar assim. Neste momento passou um filme de tudo que fiz até aquele dia e estava vendo o sonho ir embora. Neste momento passou o pessoal do “Staff”. Me perguntaram o que havia acontecido e mostrei para eles o estrago na bike. Percebi que estavam tristes também pelo acontecido e que iriam chamar o carro para ir me buscar. Eu pedi que chamasse o mecânico para que ele me dissesse que não era mais possível continuar. Fiquei 45min esperando e quando ele chegou deu uma olhada em tudo e disse: Temos ainda uma opção. Posso tirar o câmbio traseiro, encurtar a corrente e colocar em uma única marcha e você terá que pedalar os 160 km restantes assim. Vou colocar em uma marcha pesada para você desenvolver no plano e nas subidas irá sofrer.

Naquele momento não pensei duas vezes. Coloquei o capacete, joguei um pouco de água na cabeça, tomei um gel e já me preparei para voltar enquanto o mecânico acabava de arrumar a bike. Assim que ele terminou subi na bike e estava de novo na prova. Sabia que daquele momento em diante tudo seria diferente. A primeira coisa que me veio à cabeça foi agradecer a Deus por ter me dado essa oportunidade de voltar e que iria me empenhar ao máximo para terminar a prova. Comecei a analisar os fatos e traçar uma nova estratégia de prova começando a partir do km 20.

O mais importante era manter o corpo hidratado e alimentado o tempo todo, pois a marcha era muito pesada e não poderia falhar nas subidas. Era preciso andar bem o tempo todo e manter a bike em velocidade para não quebrar. Sabia que não tinha mais marchas leves para momentos de descanso e cansaço então era o momento de manter a cabeça motivada.

Retomei o pedal bem e aproveitei a primeira descida para dar uma embalada e começar a fazer força. Aos pouco fui recuperando algumas posições e passando muita gente. Em todos os postos de hidratação fui pegando água, isotônico, bananas e fazendo força. Nos retornos e nos viadutos eu sofria para retomar a velocidade da bike, onde tinha vento contra também. Na volta para Jurerê encontrei a primeira subida pela frente. Fiz um pensamento positivo, fiquei de pé na bike e fiz força, muita força. No começo da subida ia bem, mas ao final a perna queimava de dor e a velocidade caia para 10 km/h. Era preciso subir em zig-zag para chegar ao topo. E assim foi ao longo do percurso. Após completar a primeira volta a perna e as costas já começavam a incomodar. Evitei pensar nisso e segui em frente. São nestes momentos que temos que ter pensamento positivo e nos mantermos motivados. Pode ser a glória ou o fracasso e isso depende de nós.

Na segunda volta fui administrando o esforço, pois sabia que as subidas no final do percurso iriam minar as minhas forças. Evitei pensar na corrida, pois ainda era incerto se chegaria até lá. A única coisa que me passava pela cabeça era me manter hidratado e alimentado para terminar os 180 km. Segui em frente e fui recuperando posições. Quando avistei a última subida, respirei fundo e pensei: É agora ou nunca. Fiquei de pé e comecei a fazer força. No meio da subida as pernas começaram a falhar e comecei novamente um zig-zag. Quando cheguei ao topo não acreditei e neste momento comecei a perceber que era possível terminar a prova. Segui em frente e então comecei a pensar na próxima etapa: a maratona. Sabia que as pernas já não eram as mesmas e que a corrida seria sofrida. Mais do que o previsto. Entrei em Jurerê com muita felicidade, soltei o pé da sapatilha e desci da bike com uma mistura de dor e felicidade. Quando coloquei o pé no chão senti a dor de verdade. Fui andando até a tenda de troca, peguei a sacola de corrida e sentei na cadeira.

Respirei fundo, joguei água nas pernas, troquei de roupa e sai para correr. Se ficasse mais tempo ali a dor só iria aumentar. Comecei a corrida devagar e fui encaixando o ritmo aos poucos. Comecei a me sentir bem de novo e segui em frente. A cada passada que dava sentia a linha de chegada mais próxima. Não consegui imprimir o ritmo que planejei, mas a prova já tinha mudado para mim desde o km 20 da bike e o mais importante era terminar.

Nas subidas mais fortes de Canasvieiras tive que andar um pouco para aliviar a dor. Fui controlando o ritmo, o cansaço e a dor e segui em frente parando em todos os postos para comer e me hidratar. Completei a primeira volta (21 km) bem e com aquela pulseira no braço me senti mais motivado ainda. A segunda volta (10,5 km) foi tranqüila e na terceira já estava nas nuvens. Quando entrei na Avenida Búzios pela última vez não acreditei. Corria solto e com a felicidade no rosto.

Depois de 11 horas, 34 minutos e 48 segundos cruzei a linha de chegada. A felicidade era muito grande para quem viu o sonho ir por água abaixo.

Enquanto existir uma chance, mesmo que seja mínima, temos que batalhar e lutar e não se entregar nunca, pois só assim superamos nossos limites.



Gostaria também de deixar aqui os meus agradecimentos a todos que de alguma maneira contribuíram para esta minha conquista, em especial:

À Academia de Corrida da Alta Energia que vem apoiando nos treinos e eventos;

À Proativa que vem me apoiando com materiais esportivos;

Ao treinador João Paulo pelos ensinamentos e acompanhamento ao longo deste tempo que com certeza foram fundamentais para minha conquista. Espero que essa parceria continue por muito tempo;

Ao fisioterapeuta Raphael Marques pelos treinamentos funcionais e acompanhamento ao longo deste tempo. O cara é fera;

Ao nutricionista Fabiano Kenji pelo acompanhamento e preparação nutricional ao longo deste tempo. Sensacional nas dietas para provas;

Ao amigo Petrus que esteve comigo nos treinos e nos momentos difíceis de preparação. Fala comigo!!!;

Ao grupo da TriMinas, TriRio e TriGaucho onde pude compartilhar experiências e aprender um pouco mais.








Um forte abraço a todos e bons treinos!!!

Léo Freitas

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ironman Brasil 2010

Olá Pessoal,

Com muitas dificuldades e vários obstáculos terminei no domingo o Iroman. Estou preparando um texto contando como foi a trajetória desde a largada até cruzar a sonhada linha de chegada. Amanhã estarei postando aqui.

Um forte abraço a todos e bons treinos!!!

Léo Freitas