sexta-feira, 29 de julho de 2011

Treinamento nas montannhas

Olá Pessoal,

Depois de pensar bastante e refletir muito sobre a minha corrida defini algumas coisas para o segundo semestre. O primeiro e mais importante passo foi mudar completamente a metodologia de treinamento. A partir do mês de julho decidi treinar sozinho. Durante alguns anos treinei sobre acompanhamento técnico e tenho muito a agradecer pelos ensinamentos mas definitivamente não é a minha. Já tenho gente demais me cobrando e definindo coisas na minha vida. Nada contra quem treina com acompanhamento, principalmente se for iniciante mas como falei no último post quero mais liberdade nas corridas.

 Durante a semana tenho que correr no asfalto devido ao pouco tempo que tenho. Nesses treinos percebo o quanto as pessoas ficam focadas em ritmo, treino intervalado, série de "tiros", fartlek, tempo run, descanso de não sei quanto, zona disso ou daquilo, etc. Eu me pergunto: Que prazer existe em sair para correr tendo que fazer exatamente o que é pedido? É claro que isso funciona, não tenho a menor dúvida. O princípio do treinamento esportivo é bem complexo e grandes atletas de pista e asfalto seguem a risca em busca de grandes marcas, recordes, vitórias em campeonatos mundiais, olimpíadas, etc. Agora para que os atletas amadores se matam fazendo isso? Em busca de recordes pessoais, pode ser. Em busca de alto-afirmação, pode ser. Enfim, tenho que admirar essas pessoas pois é um "porre" correr assim.

No asfalto e na pista onde tudo é "lisinho", quase não tem desnível (Tem gente que com uma subidinha de nada já diz que o treino ou a corrida foi com subida, hahaha), alguns buraquinhos (Se for em competição dizem que as irregularidades da pista atrapalharam o tempo, que quase torceram o pé e que é um absurdo correr assim) e onde existe um caminhão pipa para cada atleta (É claro que existem os que reclamam se o posto de água não estava a cada 3 km e que a água estava quente) o treinamento com planilhas mirabolantes pode funcionar bem...

Agora nas corridas de montanha a conversa é bem diferente. Quase não existe metodologias para treinamento. Isso se deve na minha opinião a dois fatores: os corredores de montanha estão se F... para isso e segundo que é um esporte que ainda está em crescimento e não existem tantos praticantes assim...

Para correr nas montanhas não adianta fazer séries de tiros, intervalados, zonas disso ou daquilo. Os altos e baixos durante uma corrida de montanha acontecem o tempo todo. Não adianta tentar manter "pace", frequencia cardíaca, nada disso importa. É você e a montanha. E ela sempre permanecerá lá, então o melhor é você se virar e sair dessa situação o mais inteiro possível.

Para treinar nas montanhas é preciso estar preparado para subir grandes "paredes", deixar o psicológico abalado, caminhar, e caminhar muito, voltar a correr, enfrentar dificuldades técnicas, árvores pelo caminho, pedras com lôdo esperando o primeiro pisar para lhe dar um tompo, lama, barro, chuva, neve... O ambiente é hostil e qualquer falta de respeito ou arrogância pode custar caro.

Desde que comecei a me dedicar a este tipo de corrida venho lendo bastante, pesquisando e conversando com outros corredores de montanha e estou agora testando a metodologia que acho ser a melhor para treinar para corridas de montanha. Gostaria de dividir com vocês e quem quiser comentar sinta-se a vontade. É importante ressaltar que essa metodologia está aliada a minha filosofia de corrida onde não busco números e treinos complexos, apenas uma maneira simples de programar os treinos e ao invés de perder tempo com planilhas curtir mais as corridas.

Programo cinco treinos por semana. Os treinos durante a semana eu faço no asfalto (3 sessões) e no final de semana eu faço nas montanhas (2 sessões).

Nos treinos no asfalto procuro fazer 2 deles mais tranquilo (Tranquilo = faça como quiser sem se cobrar e sem tornar o treino uma tortura. Nada de intensidade e desnível e baixo volume) e um mais duro (Duro = faça em ritmo um pouco mais forte sentindo a respiração, volume mais alto e um pouco de desnível).

Quando chega o final de semana é hora de aterrorizar nos treinos. No sábado é o treino mais "pancada"  (Pancada =corra forte onde é possível, enfrente subidas que pareçam paredes, procure os lugares que tem as maiores dificuldades técnicas e os maiores desníveis, ande bastante sem se preocupar com o ego do corredor de asfalto que acha um absurdo fazer isso, acabe com o seu psicológico e termine o treino exausto). O que não mata fortalece!!! No domingo não tem essa de "Day off" para recuperar do dia anterior. É outra pancada (Pancada 2 = corra em ritmo tranquilo porém com algumas subidas e trechos com dificuldade técnica e mantenha um volume considerável). A idéia é acostumar o corpo a treinar cansado. As pernas estarão pesadas, corpo ainda desidratado e o psicológico arruinado. Mantenha a cabeça no lugar e siga em frente. O que não mata fortalece!!!

Em resumo essa é a metodologia que estou aplicando. Quanto a distribuição do volume ao longo das sessões varia muito de pessoa para pessoas e de acordo com a prova alvo. Abaixo vou deixar um exemplo dos treinamentos que estou fazendo para o meu retorno a Ultramaraton de Los Andes (Maiores detalhes no próximo post).

O mais importante para quem está começando é ter bastante calma para que o corpo se adapte aos terrenos irregulares. Quando sai do asfalto e entra nas trilhas é possível perceber que o volume que antes era fácil ser percorrido no asfalto agora se torna um "Longão" nas trilhas. Esqueça como se corre no asfalto pois nas montanhas o buraco é literalmente bem mais embaixo!!!

É importante deixar claro que essa é a minha maneira de ver as coisas e como tenho prazer em enfrentá-las e nada contra os corredores de asfalto e pista que por sinal eu tenho que admirar porque conseguir fazer os treinos em planilhas complexas e seguindo "receitas de bolo" não deve ser fácil. A vida e a montanha é muito mais que isso!!!


Pico do Itacolomi - 10 anos atrás. Um "muleque" ainda andando por ai!!!


Forte abraço a todos e boas corridas!!!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Running Free

Olá Pessoal,

Muito tempo se passou desde a última postagem. Vou fazer um breve resumo sobre o que tem acontecido.

Depois da Patagônia Run resolvi mudar um pouco o método de treinamento e me dediquei a uma prova de montanha mais curta (Super Meia Maratona de Extrema). Uma prova muito dura com distância total de 24 km com muitas subidas e descidas íngremes. Básicamente aumentei o ritmo nos treinos e fiz alguns trabalhos específicos de força tanto nas seções de treinamento funcional quanto na rua.

A prova foi realizada no dia 11 de Junho onde tive a satisfação e o prazer de conhecer pessoalmente o casal George Volpão e sua namorada Jú Japa. Duas pessoas muito legais que fizeram o final de semana ser ainda melhor em Extrema. Embora estivesse gripado e com febre corri bem a prova terminando em 7º geral e 1º na minha categoria.

Depois dessa prova a minha gripe piorou bastante e fui obrigado a tirar 2 semana de descando para me recuperar. Voltei aos treinos mesmo fazem apenas 2 semanas e ainda sigo enfermo com uma sinusite que insiste em me perseguir.

Neste período parado aproveitei para refletir um pouco sobre todos esses anos correndo e cheguei a conclusão mais óbvia de todas: Porque treinar de forma tão metódica e seguir rigorosamente planilhas se isso não dá prazer? O verdadeira prazer está em colocar um tênis e sair por ai... Se as pernas estão boas vamos forçando um pouco, se estão cansadas alivia um pouco e assim vai... Isso não quer dizer que não seja necessário se preparar para uma prova mas sim de uma maneira mais livre... A vida já está repleta de compromissos e horário. Para que colocar mais horários, ritmo, intensidades, etc. no que é o momento mais prazeroso do dia.

Sei que aprendi muito com esses anos de treino com acompanhamento mas a cada semana, a cada mês estava se tornando mais chato seguir tudo a risca. Ficava imaginando sair no final de semana por ai para descobrir novos lugares e sempre me esbarrava com as planilhas. Aproveitei para me desligar do treinador e de agora em diante eu decido o que fazer e como fazer. É lógico que as coisas não são tão radicais e é preciso um pouco de bom senso mas nada de ficar preso aos números.

Comecei a vislumbrar a possíbilidade de ao invés de correr provas e participar de competições criar os meus próprios desafios e para isso estou agora aprendendo um pouco mais sobre GPS, programas de edição de mapas e tracklogs para começar ainda neste ano a correr longas distâncias por trilhas e parques Brasil afora.

Coisa simples: traçar uma rota, colocar no GPS, mochila nas costas e pé na estrada!!! Curtir e curtir!!! É para isso que eu corro. Para chegar em lugares que normalmente as pessoas não vão, sentar em uma pedra e apreciar a paisagem, subir pedras e montanhas da maneira mais livre possível!!!

Ainda vou participar de algumas competições mas me limito a fazer isso duas vezes por ano. No restante é aproveitar o que temos de melhor: as montanhas!!!

Tenho que agradecer ao grande corredor e montanhista George Volpão onde pude aprender muito com as nossas várias conversar sobre corrida e montanha e o quanto é bom e importante estarmos livres para correr!!! 

Sejam livres em entrem para essa equipe também: Running Free!!!

Um forte abraço a todos e boas corridas!!!