quinta-feira, 1 de abril de 2010

Treinamento Psicológico

Olá Pessoal,


Neste final de semana fiz o meu segundo treino combinado para o IM Brazil. Foram 140 km de ciclismo e mais 22 km de corrida. Aprendi muitas coisas com esse treino e gostaria de dividir com vocês.

Estamos sempre preocupados com o treinamento físico. Intensidade, volume, variações no percurso, freqüência cardíaca, sensações, etc... Um bombardeio de coisas. Realmente elas são muito importantes e não podemos deixá-las de lado nunca se queremos melhor nosso condicionamento físico. Mas acredito que damos pouca atenção ao treinamento psicológico.

A preparação mental é muito importante principalmente quando o assunto são as provas de longas distâncias. Nesse tipo de prova, por mais que o corpo esteja fisicamente preparado ele vai sofrer e é provável que sofra muito, mas acredito que é possível diminuir ou mesmo adiar esse martírio.

Quem manda em nosso corpo não são os músculos e sim o cérebro. Preocupamos em trabalhar os músculos, ganhando força, resistência, etc... E o nosso cérebro? Quanto tempo dedicamos a trabalhar a força e a resistência mental?

Eu mesmo não me preocupava muito com isso, mas o treino do fim de semana me fez refletir um pouco sobre isso.

No sábado acordei as 04h00min da manhã, tomei aquele banho, coloquei todo o material e a comida no carro e com aquela preguiça de sempre fui para o Alphaville - Lagoa dos Ingleses começar o meu treino. Já sai de casa pensando em como seria longo o treino. Cheguei ao Alphaville as 05h00min preparei toda a minha logística, separando os equipamentos que seriam utilizados posteriormente na corrida, alimentação, hidratação, etc. O carro estava parecendo um piquenique.

Tudo pronto fiz a minha oração e “Vamu que vamu”. Fiquei pedalando dentro do Alphaville até amanhecer. Como sou um cara de sorte e muito “amigo dos cachorros” apareceram por lá quatro feras e correram atrás de mim. Não chegaram a me morder, mas chegaram bem perto. Aproveitaram para me dar aquele susto de sempre e me lembrar o que eu já fiz com seus amigos no passado. Passado isso, esperei o dia clarear e fui para a BR 040. A estrada estava bem suja e no km 90 o pneu furou. Sem desespero, troquei de forma mais rápido possível e continuei o treino. Desci da bike com 04h28min (média de 31.4 km/h). Os 140 km estavam prontos. Estava me sentindo um pouco cansado e como já passava das 10 horas o sol estava castigando bastante. Troquei a camisa, meia de compressão, hidratação, alimentação e inicie a corrida. Faltava agora 22 km para massacrar as pernas.

Sai para a corrida mantendo um “pace” de 5’/km. Procurei ser bem conservador com medo que “quebrar”. À medida que o treino avançava sentia que minhas forças estavam minando. Comecei a fazer uma análise e estava tudo bem, mas mesmo assim comecei a sentir uma vontade de parar, diminuir o ritmo, desistir, etc. Embora o corpo ainda estivesse bem o psicológico começava a atacar e de maneira feroz.

Neste momento começaram as negociações com a cabeça. Parei de pensar um pouco na distância que ainda faltava e comecei a pensar em distâncias menores evitando o desanimo. Sempre que possível jogava uma água na cabeça e procurava me concentrar em outras coisas. Dessa maneira fui “levando”. O sol estava castigando muito e como estava sozinho o tempo todo tive que ir administrando os medos, insegurança e tentando aumentar a minha confiança para finalizar o treino. Depois de 01h52min (média de 5’04”/km) terminei os 22 km e finalizei o treino com tempo total de 06:20. Estava exausto mas muito feliz e confiante para manter o foco e continuar treinando.

Sabia que este treino seria um divisor de águas. Poderia me deixar muito chateado se eu desistisse gerando insegurança quanto à prova que se aproxima. Ao mesmo tempo poderia me deixar confiante para continuar firme em busca do sonho de terminar o IM.

Foi uma batalha dura com a cabeça que acabei vencendo. Antes pensava que o treinamento se resumia em: 80% físico e 20% mente. Agora acho que são: 60% físico e 40% mente.

Foi um treino excelente. Não pelo tempo, pois treino é treino e jogo é jogo. Não adianta se matar nos treinos. O importante é fazer o treino da maneira certa e deixar para dar tudo no grande dia. Mas o treinamento psicológico foi muito bom.

Tem momentos durante os treinos e competições que você estará no inferno. O importante é sair de lá o menos queimado possível!!!


Um forte abraço a todos e bons treinos!!!

Léo Freitas

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