domingo, 21 de novembro de 2010

2010

Olá Pessoal,

O ano de 2010 já está quase no fim e aproveito este momento antes de iniciar a pré-temporada para 2011 para fazer uma pequena recordação do ano que com certeza vai ficar para sempre na minha memória com as duas competições fantásticas que disputei.

Foi sem dúvida o ano esportivo mais importante da minha vida onde consegui realizar diversos sonhos e atingir a tão sonhada longa distância nas competições.

Em maio disputei o Ironman Brazil em Florianópolis. Uma prova de triathlon de longa distância onde é preciso nadar 4000m, pedalar 180km e ao final correr 42km. Um verdadeiro desafio para o corpo e para a mente. É preciso superar limites e dificuldades não tentando vencer o corpo e sim se tornando amigo dele e nos momentos em que a cabeça parece dizer que não é possível, você tira forças de onde nem imagina e segue em frente rumo a tão sonhada linha de chegada.

São muitas horas contando azulejos, “queimando” pneus e “gastando” tênis. É preciso abrir mão de muita coisa. A família sofre, você sofre e o corpo sofre. Aquela tão sonhada linha de chegada visualizada em tantos treinos agora tão perto faz o coração bater mais forte e dá uma vontade grande de rir, chorar, gritar, que nem é possível explicar bem. Dias e mais dias levantando antes do nascer do sol para nadar, pedalar e correr. Mas ao cruzar a linha de chegada é possível perceber que todo o sacrifício enfrentado vale à pena. E como vale. A satisfação do dever cumprido e o prazer inigualável de torna-se um Ironman. Uma pessoa que não é melhor que outra, que não é mais forte, nem mais resistente porque cruzou essa linha de chegada. É apenas uma pessoa que adota um estilo de vida diferente e leva acima de tudo o respeito pela distância, o prazer por estar com os amigos percorrendo longas horas em treinos e competições. Assim surgiu e assim deve prevalecer o verdadeiro espírito de um Ironman.

Dos três esportes que envolvem o triathlon, o meu favorito sempre foi a corrida e após o Ironman resolvi que era hora de me dedicar a esse esporte tão livre e puro. Basta calçar um tênis, para alguns nem isso, e sair por ai correndo como fazíamos quando éramos crianças a arriscávamos os nossos primeiros “piques” brincando com os amigos. A sensação de liberdade que a corrida proporciona é algo muito especial. Resolvi então juntar a corrida com o prazer que tenho de andar pelo campo e pelas montanhas. Acabava de encontrar o meu verdadeiro esporte: a corrida em trilhas.

O visual, o contato com a natureza, a sensação de liberdade e ao mesmo tempo o desafio de subir e descer verdadeiras “paredes” correndo me chamou muita atenção.

Comecei então a treinar para a minha primeira competição nesta modalidade e pelo prazer de percorrer longas distância me inscrevi na Ultramaratona de Los Andes na distância de 80km. Estava lançado o desafio.

Foram muitas horas correndo e percorrendo longas distâncias enfrentando treinos que começaram com 25 e chegaram a 86 km. Treinos ao longo da madrugada e em horário inusitados. Em alguns momentos os quilômetros passavam como o tempo passa quando se está com uma pessoa muito querida, voando. Em outros momentos os quilômetros pareciam uma eternidade. Durante as longas jornadas era possível pensar na vida umas duas vezes e ainda sobrava tempo. Correr pelas montanhas de Minas é algo inspirador. Passar na porta de uma casinha no campo e ver a fumaça saindo do fogão de lenha me fez lembrar a minha infância onde costumava ir aos finais de semana para o pequeno sítio dos meus pais e provavelmente foi onde aprendi a gostar tanto do campo e das montanhas.

A prova no Chile teve um “tempero” a mais além da longa distância a ser percorrida. A largada às duas da manhã e a altitude que chegou a 2600m sobre o nível do mar a tornou ainda mais desafiadora.

Correr pela montanha durante a noite ouvindo apenas o vento, os pássaros e a dúvida do que está pela frente nos aproxima mais da natureza aguçando os nossos sentidos e nos fazendo enxergar o quanto somos pequenos perto da magnitude das montanhas. A sensação de liberdade vai aumentando à medida que a civilização vai ficando cada vez mais para traz. Quando o sol nasce por trás de uma montanha branca de neve o visual se torna inspirador.

Os quilômetros passam com muita rapidez quando se corre em belas paisagens e a vontade de ir mais lento aumenta apenas para continuar desfrutando deste cenário de cartão postal.

Com o passar do tempo o corpo dá grandes sinais de cansaço e a cada subida é preciso muita força de vontade para seguir em frente. A recompensa vem ao chegar ao ponto mais alto e observar tudo a sua volta. Todo o sacrifício vale a pena por uma paisagem assim. Deste ponto em diante começam as grandes descidas até o ponto de chegada. Depois de horas e mais horas correndo, cruzar a linha de chegada é muito bom e saber que não foi apenas uma corrida e sim um grande passeio pela montanha com a companhia de outros amantes deste esporte.

Um forte abraço a todos e bons treinos!!!

Léo Freitas

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